Ela nasceu assim; literalmente em um conto de fadas. O mais próximo de maldade que ela podia ter era a dos desenhos animados. Ela nunca teve sonhos frustrados, corações partidos e nem mesmo lágrimas sinceras... até completar 14 anos. Ela teve que sair do seu mundinho de princesa e ver o que acontece no mundo real. Até então, ela só saía às vezes, para dar uma verificada e isso acabava machucando-a.
As bruxas dos contos de fadas não eram nada comparadas às pessoas as quais estava sendo submetida. Pisavam nela, por ser fraca e idiota. Quando isso a machucou demais, ela resolveu estourar a bolha e enfrentar o mundo, cara a cara. Nesse momento, o coração dela se apaixonou por meninos que não deveria e, na maioria das vezes, ele saía machucado. Ela levava meses e até anos para curá-lo, e quando conseguia levantar, era derrubada outra vez. As melhores amigas sempre estiveram com ela, mas nunca puderam evitar tudo. Davam conselhos e mostravam o que era melhor, mas ela sempre era teimosa e fazia tudo ao contrário. Até que ela percebeu que estava agindo de forma errada. Ela tinha que começar a expressar suas opiniões. Ela tinha que aprender a dizer “não” quando um destruidor de corações aparecesse. Ela tinha que começar a lutar, como todos do mundo real.
Ela aprendeu a viver. Ela não aprendeu como não sofrer. Ela aprendeu que o coração é contraditório e faz tudo que não deve fazer. Ela aprendeu a ser feliz. Ela aprendeu que, para ter sucesso, tinha que esconder os medos e a insegurança debaixo do tapete. Ela jogou o conto de fadas no lixo, porque, de qualquer forma, ele nunca ia existir. Ela descobriu que, no mundo real, é mais fácil encontrar bruxas malvadas do que o próprio príncipe encantado, o qual julgava ser mais fácil.
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